MIFFA: Correção percutânea do pé plano

Nós temos feito bastante uma cirurgia que nós chamamos de MIFFA. É uma sigla em inglês que quer dizer Correção percutânea do pé plano. O que acontece é que a partir dos 50 anos, após a menopausa, principalmente as mulheres, começam a perder a cava do pé. O pé de deforma, vai ficando mais plano.

Isso altera a biomecânica toda do corpo humano, o joelho, a coluna, o quadril. Todos começam a responder de uma maneira diferente e isso não era um problema até 30 anos atrás porque as pessoas com a idade de 50 anos já eram “velhas”, morriam com 70 anos e a demanda deles nessa faixa de idade era muito baixa, então não tinha problema você ficar sem cava no pé.

Mas a nossa geração agora com 50, 60 anos, boa parte ainda está no mercado de trabalho, às vezes tem filho pra sustentar na faculdade e vão viver até 90 anos. Por exemplo: meu sogro tem 80 anos e trabalha, é empresário, viaja. Então nós não podemos aceitar que o pé se deformou aos 50 anos e achar que nada consegue fazer o pé voltar ao lugar.

Nós precisamos entregar uma marcha rápida e indolor até os 80,90 anos de idade e essa cirurgia percutânea nessa faixa etária de 50 anos caiu como uma luva porque ela permite uma recuperação rápida, um retorno rápido ao mercado de trabalho e até pacientes debilitados, a gente permite que saia andando do hospital. Não há atrofia muscular tão pesada como nas técnicas tradicionais, eu acredito que para os próximos anos nós vamos fazer cada vez mais para que a geração atual consiga chegar até os 90 anos andando e sem dor.

Tratamento precoce de lesões ortopédicas

Eu já escrevi alguns artigos sobre isso e infelizmente o SUS não é equilibrado em termos de onde aloca o recurso. Logicamente o recurso é limitado, as demandas são muitas. A gente sabe muito bem que o tratamento do câncer, de HIV, as vacinações, os transplantes, recebem um aporte interessante do SUS e graças a Deus, afinal precisa né.

Mas a ortopedia, principalmente a traumatologia, eram um tanto desprestigiadas nesse sentido. Isso é um problema social grave porque a ortopedia atinge pessoas jovens que estão em pleno mercado de trabalho, são ativas, têm filhos para sustentar e uma vez que eles tem uma sequela de uma fratura, eles não conseguem mais voltar ao mercado de trabalho, ficam dependendo do INSS que é o pior custo benefício possível.

Uma cirurgia que poderia custar mil reais para o SUS, uma pessoa que nunca mais volta e passa ganhar salário mínimo a vida toda por mais 30,40,50 anos. Nesse sentido nós recebemos no HGF muitos pacientes com sequelas de fraturas graves ou pacientes que poderiam ter sido tratados por patologias que geram deformações no pé numa idade precoce e nunca foram.

Algumas situações são muito drásticas de você poder ver o osso quase saindo pela pele e a pessoa ter aquela deformidade há anos. Graças a Deus estamos conseguindo corrigir muitos desses casos, é lógico que quando você vai tratar de uma sequela é uma cirurgia muito mais difícil, uma cirurgia que acaba sendo um pouco mais debilitante para o paciente. Então a mensagem que quero trazer é que precisamos cada vez mais pressionar os gestores do SUS para que eles atendam às demandas ortopédicas numa fase aguda, quebrou e tem que operar rápido. Aqui em Fortaleza a gente tem filas de semanas para fazer uma cirurgia de uma fratura. Isso compromete e é uma péssima gestão da saúde. Quando a pessoa já tem a sequela, queremos que eles consigam chegar a nós, porque essas pessoas uma vez tratadas, voltam para o trabalho, para a vida normal, conseguem cuidar das famílias. A mensagem que fica é que investir em ortopedia, tratar as patologias ortopédicas é fundamental para o bom caminho dessa sociedade.

Joanete e sua evolução cirúrgica

Uma das cirurgias que mais evoluiu nos últimos anos na cirurgia do pé, foi a cirurgia do joanete. Essa é uma cirurgia que sempre foi muito pesada, os pacientes ainda tem um conceito de que se você fica muitos meses sem pisar ou algo do tipo, que seja uma recuperação muito lenta, mas o advento da cirurgia minimamente invasiva veio principalmente para o joanete, foi a primeira cirurgia que foi feita de maneira percutânea, o que permitiu um avanço muito grande.

Uma vez que a minimamente invasiva permite que você saia andando imediatamente para casa e em 45 dias mais ou menos, o osso já tá colado na posição correta e a gente já liberou para usar calçados comuns.

Então, é uma cirurgia de recuperação rápida. Pacientes que trabalham mais sentados conseguem voltar em até 10 dias, isso permite com que a gente hoje não faça as pessoas andarem com calçados que não gostam. Lógico, ninguém vai liberar para usar scarpin o tempo inteiro, mas antigamente a gente tinha que forçar os pacientes a usar os calçados meio esquisitos.

Pessoas que trabalhavam em ambientes executivos precisavam de calçados mais alinhados e graças a Deus que a cirurgia percutânea, os resultados têm sido muito bons, os pacientes com recuperação rápida, o índice de satisfação aumentou muito, então não faz mais sentido a gente conviver com essa dor. Outro dia, uma paciente de 75 anos veio no consultório com um joanete que causava muita dor e ela disse que estava muito velha para operar. E aí eu disse que se fosse viver mais 6 meses não valia a pena, mas se for para viver mais 15 anos vale muito a pena, porque serão os próximos 15 anos de dor para andar. Ela decidiu fazer a cirurgia afinal não temos como saber quanto tempo iremos durar nesse mundo. Então tem tratamento, é simples e vale a pena procurar.

Você torce o tornozelo com frequência?

Um dos assuntos que eu mais trato e escuto nas aulas que eu dou é chamada instabilidade do tornozelo. São aquelas pessoas que torcem o tornozelo com frequência. Geralmente são pessoas que tiveram na vida algum entorse feio, conseguem lembrar que há 5 anos deram uma torção no tornozelo que ficou inchado, foi ao médico e disse que não havia fratura.

Essas pessoas geralmente têm dificuldade de usar salto alto, quando faz uma atividade física mais intensa, como um Crossfit, sentem dor no tornozelo. Então, essas pessoas precisam de tratamento. Tem um estudo de uma universidade alemã que mostra que pessoas que tem aquela viradinha no tornozelo que não dói, você não percebe mas tem 4,8% desses que em 6 meses a cartilagem do tornozelo já tem uma hidratação pior e tem um desgaste no tornozelo.

Atletas que tem esse entorse no tornozelo, como o Neymar, tem um prejuízo no desempenho esportivo. Hoje em dia, nosso grupo de cirurgia do pé aqui em Fortaleza, tem tratado isso de maneira percutânea.

Se você tiver uma lesão exclusiva do ligamento, o tratamento é feito com anestesia local, dois furos na pele, um procedimento que leva apenas 8 minutos e você sai andando com uma órtese. Não vale a pena desgastar a sua cartilagem ou ter um pior desempenho esportivo se você tem função atlética, vale a pena procurar o tratamento.

Fascite plantar

Recentemente nós percebemos que o tratamento do esporão de calcâneo ou da fascite plantar, que é a mesma coisa, ainda suscita muita dúvida, inclusive entre ortopedistas. Em vários congressos, em vários encontros que nós tivemos a gente percebeu isso, muita polêmica entre os especialistas.

Então nosso grupo, o grupo de cirurgia de pé de Fortaleza que coordena a cirurgia de pé do HGF, nós criamos um jeito simplificado de estudar e de tratar a fascite plantar. Nós chamamos esse jeito de 3 passos para o tratamento da fascite. A gente criou essa ideia de que você primeiro deve alongar a musculatura antes de pisar no chão e esse é o primeiro passo.

O segundo passo é utilizar calçados com salto ou que tenham solado firme e o terceiro passo é fazer uma infiltração, uma injeção no calcanhar que a gente faz sob sedação. É indolor para o paciente e tem altíssimo resultado favorável.

A literatura médica foi inteira revirada para a gente chegar nesse tratamento e eu acredito que é um jeito bem simples de entender que a fascite plantar tem tratamento. Tem paciente que fala “eu tenho esporão de calcâneo”. Isso tá errado, tem tratamento e fica 100% bom. Então se você tem o esporão, na verdade você está com ele, só não está sendo bem tratado. Tem coisas para se fazer, a medicina evoluiu, hoje a gente trata até câncer e não tem porque não conseguir tratar o esporão.